A loucura que mora na esquina
À memória de Regina Cambão e todos os loucos santanenses. Dizem que todo lugar tem seus loucos. Mas em Santana do Ipanema, a loucura nunca foi apenas um detalhe da paisagem; foi personagem, memória e literatura. Enquanto outras cidades escondiam seus desajustados atrás de muros altos ou cochichos curtos, Santana, a terra espinhosa - dita por Graciliano Ramos -, vaidosa como quem sabe que tem ouro nas mãos, decidiu transformá-los em matéria-prima de histórias. Talvez a culpa — ou o mérito — tenha sido de Breno Accioly(1921-1966), o contista da loucura. Foi ele quem primeiro percebeu que, no calor do sertão, a fronteira entre o real e o fantástico era tão fina quanto o pó vermelho que o vento levantava na Rua Coronel Lucena. Breno olhou para os loucos da cidade e viu mais que excentricidade: viu poesia, viu humanidade, viu Brasil. E assim, de repente, a cidade ganhou um espelho literário onde seus personagens mais improváveis se tornaram eternos. Depois veio Oscar Silva(1915-1991),...





